A resignação e o entendimento de que os acontecimentos não são necessariamente bons ou ruins. A certeza que tais acontecimentos não podem ser previstos nem controlados pode trazer uma mudança radical ao encarar a vida, pois essa forma de pensar pode tirar o peso e eliminar questionamentos relacionados à causas e consequências. Essa postura afirmativa diante da vida pode gerar o foco nos caminhos possíveis e imediatos, eliminando as conjecturas das possibilidades perdidas ou dos medos associados ao futuro, já que não existe forma de prevê-los de forma racional. Essa ideia refere-se ao Amor Fati “ de Nietzsche, que tem a potência de eliminar a ansiedade e promover saúde na medida que foca nos caminhos possíveis sem a responsabilidade de controlá-los ou entendê-los:
Amor: Força criadora, propositora de um novo mundo, um novo estado, novos acontecimentos, nova realidade. Seria a afirmação da afirmação dos fatos.
Fati: Jogo de Forças Naturais ao nosso redor. Que não tem relação com a nossa existência. Que não está associado à punição, causa ou consequência.
Viver o “Amor Fati” é uma maneira de reagir às próprias escolhas e acontecimentos, sem a busca de uma gnoseologia, ou seja, não há necessidade de uma análise reflexiva sobre a origem dos acontecimentos ou da essência cognitiva acerca da ação ou consequência.
“Não acusar o acusador, não fazer guerra ao que é feio” (Nietzsche).
O “Amor Fati” poderia portanto ser um recurso à clínica na medida que tira a responsabilidade de ação ou reflexão da pessoa caso não possa intervir pragmaticamente. Logo, “Não fazer guerra” àquilo que não concordamos ou não entendemos da realidade, é libertador. No entanto, essa ideia não deve levar à alienação, e sim ao discernimento e uso consciente e racional da própria energia, promovendo uma postura dionisíaca diante da existência.
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